Era só uma vontade de chorar, ela dizia. E era mesmo. Devia de ser.
Só que 'só' não é pra coisa pouca. É pra coisa única, que por isso pode ser grande. Maior que resto.
E era só vontade. Que o choro mesmo não chorava. Só subia até apertar a garganta e voltava pro aonde de onde veio.
Estava cansada da busca por palavras e tentava me explicar com as mãos. Com elas e com as sobrancelhas, os peitos e os pés me ficava claro: ela não queria me dizer nada.
Porque nada tinha acontecido e nada ia acontecer.
Nem o choro era chorado, menino, ia ser falado o que?
Era só um compartilhar de vazios, enchendo o ar de pulmões.
Descanso da língua e dos olhos.
Não tem perguntas nem angústias nem praquês nem porquês.
Só quero ouvir nada pescar sono saltar vôo, ela ousou dizer.
Eu respondi sonha,
e ela dormiu.
Um comentário:
esse teu textão me atingiu na maciota, bonita! te adoro virtual e real
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