quinta-feira, 11 de junho de 2009

Do peso dos olhos

10.06.2009

Ela ficou, mais uma vez, na companhia do sono.
Mais cedo estava ótimo, dizia. A cerveja valeu a pena e a nostalgia fez bem. Mas foi mais cedo. Agora, só o sono fecha seus sonhos, que se transbordam e se esparramam sobre os dias.
Dias e sonhos sem voltas, sem rodeios. Dias. E sonhos. E uma relação mal estabelecida. Uma ponte em que erros são apagados como se não deixassem marcas. Uma fonte em que litros são economizados como se não se gastasse água.
Semelhanças vazias. Muita associação e pouco cuidado. Muita reitificação e poucos reis e rainhas. Nenhum mistério a ser desvendado.
Apenas o era uma vez.
E a mão desafiando
22.05.2009


O sono já freava seus atos
A preguiça da vida que não se consola
Na incerteza de cada flecha que se lança
A vontade certa de se ter
Aquilo que lhe colore
Aquele que cobra e falta

Seu olhos já tontos ainda piscavam
Buscavam a rima de toda manhã
Faziam sentido(s)
quando fechados
E ela sabia que tem amanhã
Mas se estendia na grama
E se demorava
E bordava seus planos
Como se fossem novos
Como se caros fossem
22.05.2009

É que ela resolveu senter e escrevar. Assim que saíram suas palavras.
Deixa, deixa a festa de lado. A carona está na porta.
Deixa.
Agora que a palavra veio ela não quer sair. E já estava trocada. Com aquela saia que lhe cai bem.
Deixa. Manda eles irem embora. Hoje eu sou minha. Ela pensava com as pontas dos dedos. A pilha de roupa na cama. O CD já tinha acabado (a música três era decisiva). A bolsa de sempre e a costurada ainda nem tinham se decidido. Mas ela ficou.
Hoje queria sair. Hoje sonhava com outro, hoje buscava mais. Mas ela ficou. Tinha a poesia nas mãos e interrompeu a noite, parou as horas.
Não, fala pra eles que eu não vou. Amanhã a gente conversa.
Era medo. Era culpa. Era débito. Não de fora. Não, não da festa. Mas dela. Ela se devia tempo. E se o acaso lhe trouxera sementes, ela tinha que soprar.
E soprou. Hoje, ela ficou. O sapato novo não foi visto, nem a saia que disfarçava o seu quadril. Ela ficou com ela. Com suas mil faces. Com seu relógio parado (pedindo licença) querendo passar.
Ela ficou.
Sem surpresas nem desfechos.
Só com histórias a desvendar.