sábado, 31 de janeiro de 2009

Sendo (porque não existe ser)

A chuva,
a rede,
o brigadeiro.
Todos me são.
As flores de pano
e as de primavera.
O assobio do vento.
Tudo me é.

Não que sejam meus.
Não,
o cheiro da chuva e o gosto do doce não me pertencem.
Os pássaros não cantam para mim.
Todos
me fazem.

Assim como o rio é feito de água.
E de chuva.
E de terra.
E de Caeiro para olhar ou de "Tejo" para vender.

Meu rio também corre.
E é cada pedra que cai.
Cada mão que mergulha pra lavar a alma.

Minha alma é água.
É matéria viva que escorre entre os dedos.

Minha alma cai do céu e molha os pés.
Quando sou chuva.
Porque se sou vento,
eu assobio.
Se sou sol,
fujo das nuvens.
E para ser, eu sou tudo.

Sou todos os retalhos que me formam.
E sou a linha que os amarra.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Voltas (ou Volte)

Enquanto eu fico no silêncio das cadeiras, os ponteiros sussurram lentamente cada segundo que estou sem você.
Soluçam.
Quase choram sua ausência.
Me fazem lembrar que minutos viram horas, horas viram dias, e estou a meses sem te ver.
A cada volta dos 60, tudo volta. O toque das suas mãos e as palavras da tua boca.
A cada volta do planeta, tudo muda, e eu tenho medo de te esquecer.