A chuva,
a rede,
o brigadeiro.
Todos me são.
As flores de pano
e as de primavera.
O assobio do vento.
Tudo me é.
Não que sejam meus.
Não,
o cheiro da chuva e o gosto do doce não me pertencem.
Os pássaros não cantam para mim.
Todos
me fazem.
Assim como o rio é feito de água.
E de chuva.
E de terra.
E de Caeiro para olhar ou de "Tejo" para vender.
Meu rio também corre.
E é cada pedra que cai.
Cada mão que mergulha pra lavar a alma.
Minha alma é água.
É matéria viva que escorre entre os dedos.
Minha alma cai do céu e molha os pés.
Quando sou chuva.
Porque se sou vento,
eu assobio.
Se sou sol,
fujo das nuvens.
E para ser, eu sou tudo.
Sou todos os retalhos que me formam.
E sou a linha que os amarra.
3 comentários:
tava lendo esse e lembrei daquele seu texto do teatro... talvez seja pelo fato de vc ter falado da tal linha. e a fenomenologia? deu pra perceber algumas coisas do q vc me explicou mesmo. legal!
acho q a saudade tá afetando o comentário, nao estou sendo 'profissional', haha.
...adorei!
Lições apreendidas em Caeiro... Mas um texto 100% Li. Então, a menina só mostra as pecinhas doiradas vez em quando, hem? Excelente texto, simples e clássico. Vou guardar para mim os versos "Minha alma é água" e "Sou todos os retalhos que me formam. /
E sou a linha que os amarra.", por serem mais do que perfeitos.
Felicidades.
- Henrique Pimenta
Li, há um convite para você no meu blogue.
Beijo.
Pimenta
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