As preocupações eram provas, cálculos, viagens e cervejas.
Olhos se faziam disso também.
Talvez as mãos buscassem o céu, talvez o peito buscasse ar, mas em terra de cego quem tem olho é rei.
Os meus estavam todos automatizados. Conectados aos fios do nada a lugar nenhum.
Levantei sem levantar. Andei sem andar. O hábito me levou brincando de fechar meus olhos.
Foi quando olhei para o céu.
Laranja. Era cor de laranja o algodão do céu. "Onde já se viu céu laranja, menino? Pode fazer de novo!", diria a professora do jardim.
Jardim da infância.
Pátio da cruz.
Acho que só lá o céu pode ser da cor do seu dia. E ninguém pode dizer que não.
Os olhos não acreditaram, o peito suspirou, e a boca se alargou timidamente. Ninguém poderia ver.
A cruz viu. Mas continuou ali, de braços abertos. Enquanto só ela me observava, voltei-me para baixo. Sonhos, terapias e fenomenologias. Interessante, mas volto ao céu.
Lilás! LILÁS!
Podia chover flores!!
"Já não te disse que céu é azul?"
É, ele acabou no cinza.
E choveu.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
domingo, 23 de novembro de 2008
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Metalinguagem
Outro dia abri uma caixa, daquelas que já viraram paisagem, pra lembrar o que tinha dentro.
Podia ser o que fosse, eu iria acreditar que era aquilo que sempre esteve ali.
Descobri algumas lembranças que nunca saíram dos cantos da memória, só não sabia aonde as tinha encaixotado.
Comecei a folhear uns diários antigos. Aqueles dos "Oge eu brinquei de boneca".
Aí eu vim pra cá escrever.
Hoje (com H) eu parei pra pensar. Não se fazem mais diários como antigamente.
Ou, ok, eu não faço mais diários como antigamente.
Hoje meu diário é um blog. "Meu querido diário só meu que ninguém mais pode ver" está na Internet. As pessoas comentam sobre ele.
Perderam-se os dias que não se preocupam com o H.
Perderam-se os dias que fluem inteiros em uma frase, sem vírgulas.
As palavras não mais são leves, não correm mais no quintal.
Hoje elas se mostram, se exibem no compasso mais bem construído.
Ou melhor construído.
O segredo, antes, se escondia no cadeado. Exigia um cuidado.
Hoje, ele se esconde na mente. E empresta seu nome pra algumas metáforas mal resolvidas.
A inocência teve que crescer e virar figura de linguagem.
Hoje, o bom é o público. Melhor é o privado público.
Big brother era pra ser aterrorizante!
Mas janeiro começa o 9.
Dizem que quem escreve escreve pra alguém ler.
Por enquanto só quem leu os meus diarios sem acentos fui eu. E eles ainda são os que mais sabem de mim.
Podia ser o que fosse, eu iria acreditar que era aquilo que sempre esteve ali.
Descobri algumas lembranças que nunca saíram dos cantos da memória, só não sabia aonde as tinha encaixotado.
Comecei a folhear uns diários antigos. Aqueles dos "Oge eu brinquei de boneca".
Aí eu vim pra cá escrever.
Hoje (com H) eu parei pra pensar. Não se fazem mais diários como antigamente.
Ou, ok, eu não faço mais diários como antigamente.
Hoje meu diário é um blog. "Meu querido diário só meu que ninguém mais pode ver" está na Internet. As pessoas comentam sobre ele.
Perderam-se os dias que não se preocupam com o H.
Perderam-se os dias que fluem inteiros em uma frase, sem vírgulas.
As palavras não mais são leves, não correm mais no quintal.
Hoje elas se mostram, se exibem no compasso mais bem construído.
Ou melhor construído.
O segredo, antes, se escondia no cadeado. Exigia um cuidado.
Hoje, ele se esconde na mente. E empresta seu nome pra algumas metáforas mal resolvidas.
A inocência teve que crescer e virar figura de linguagem.
Hoje, o bom é o público. Melhor é o privado público.
Big brother era pra ser aterrorizante!
Mas janeiro começa o 9.
Dizem que quem escreve escreve pra alguém ler.
Por enquanto só quem leu os meus diarios sem acentos fui eu. E eles ainda são os que mais sabem de mim.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
enquanto o carnaval não chega
a gente bebe sem motivo
a gente dança outro samba
a gente pula
no precipício
sem motivo pra cair
sem desculpa para dar
a gente se pinta de espera
se colore nos detalhes
a gente disfarça
enquanto o carnaval não chega
a gente pede um dinheiro aí
poupa outro acolá
pra quando o carnaval chegar
a gente compra o natal
passa o branco do reveillon
faz churrascos e festinhas
pra dar motivo pra beber
e esperar
a gente dá outros nomes
amor de praia
de verão
de balada
enquanto não é de carnaval
a gente se gasta controladamente
a gente se mente conscientemente
pra quando o carnaval chegar
a gente dança outro samba
a gente pula
no precipício
sem motivo pra cair
sem desculpa para dar
a gente se pinta de espera
se colore nos detalhes
a gente disfarça
enquanto o carnaval não chega
a gente pede um dinheiro aí
poupa outro acolá
pra quando o carnaval chegar
a gente compra o natal
passa o branco do reveillon
faz churrascos e festinhas
pra dar motivo pra beber
e esperar
a gente dá outros nomes
amor de praia
de verão
de balada
enquanto não é de carnaval
a gente se gasta controladamente
a gente se mente conscientemente
pra quando o carnaval chegar
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