quarta-feira, 27 de março de 2013
Carta de uma psicanalista existencial a um existencialista cético, encontrada na encruzilhada, em 12.10.2012.
"Não sei mais se te quero pra preencher meu vazio, ou se você não é meu próprio buraco. Sinto que não há eu, não há você, e por isso não te quero. [Eu me quero]. Nessa busca incessante quem eu nunca achei fui eu. E por isso não consigo te esquecer. Você que me dá nome. Quando sou este buraco é você que eu chamo. Não a quem eu chamo: mas o que eu me chamo. Você me dá forma. Assim, aberta, obtusa. Essa que sou. Vazio que sempre fui, você cava. Abre. Expõe. Por isso a necessidade de te expor também, sempre (em palavras). Porque eu já me abri, mas preciso de letras pra me contornar. Te preciso pra me conformar. Mas te precisar, por te desejar, precisaria me ter primeiro. E não sei. Não sei se és um objeto de desejo, ou se meu próprio desejo. Meu discurso. Meu lugar da palavra. Que me cala. Meu silêncio, que tento cobrir de linhas e versos."
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