quinta-feira, 11 de junho de 2009

22.05.2009

É que ela resolveu senter e escrevar. Assim que saíram suas palavras.
Deixa, deixa a festa de lado. A carona está na porta.
Deixa.
Agora que a palavra veio ela não quer sair. E já estava trocada. Com aquela saia que lhe cai bem.
Deixa. Manda eles irem embora. Hoje eu sou minha. Ela pensava com as pontas dos dedos. A pilha de roupa na cama. O CD já tinha acabado (a música três era decisiva). A bolsa de sempre e a costurada ainda nem tinham se decidido. Mas ela ficou.
Hoje queria sair. Hoje sonhava com outro, hoje buscava mais. Mas ela ficou. Tinha a poesia nas mãos e interrompeu a noite, parou as horas.
Não, fala pra eles que eu não vou. Amanhã a gente conversa.
Era medo. Era culpa. Era débito. Não de fora. Não, não da festa. Mas dela. Ela se devia tempo. E se o acaso lhe trouxera sementes, ela tinha que soprar.
E soprou. Hoje, ela ficou. O sapato novo não foi visto, nem a saia que disfarçava o seu quadril. Ela ficou com ela. Com suas mil faces. Com seu relógio parado (pedindo licença) querendo passar.
Ela ficou.
Sem surpresas nem desfechos.
Só com histórias a desvendar.

2 comentários:

BAR DO BARDO disse...

gostei...

optou por si mesma, a escitora.

Rebecca Loise disse...

Um dos meus preferidos. É de uma aflição consentida e, por isso, d'uma beleza lírica. Gostei mesmo e muito!