Era nome. Com toda a propriedade que um nome próprio tem.
Sentido independente.
Eu não sabia o que era e não perguntava.
Só queria ver.
Queria vê-lo, em sua idade e sua postura, em suas palavras e em suas ausências.
Queria senti-lo.
Queria ouvir o que estava por trás da pele de suas palavras.
Mas só olhava.
De canto, de qualquer jeito.
Respirava.
E falava horas com uma ou duas sensatas palavras.
E me mostrava.
Me mostrava a mais tímida das mais doces putas do bordel.
Me enganava.
Odiava e reprimia aquelas ondas de segredos.
E complicava.
Cúmplices da minha fantasia infantil.
Fantasiava.
Me botava de moça, bailarina, poeta.
Para ser sua atriz.
Para ser sua mais bela mentira,
seu orgulho.
Borbulhava.
Quando a falta da palavra entregava o espanto.
Mas só olhava.
De lado, sem jeito.
E imaginava
suas cenas sem a minha direção.
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Texto feito para a 'Ciranda' que o Henrique Pimenta, do blog Bar do Bardo, me convidou:
1 - agarrar o livro mais próximo;
2 - abrir na página 161;
3 - procurar a 6ª frase;
4 - colocar a frase completa no blog;
5 - produzir um texto com a frase;
6 - repassar a "tarefa" para 5 pessoas.
Abri "1984",de George Orwell, e li "Winston considerou-o de soslaio.".
Agora convido pra entrar na dança:
L.G. , de http://emgolesacidos.blogspot.com/
D. Schuberstein, de http://ideiascuspidas.blogspot.com/
Mah., de http://psicologomahluco.blogspot.com/
Rebecca Loise, de http://a-dibuk.blogspot.com/
2 comentários:
Olá, Li!
Meu computador só me avisou da sua postagem ontem..., embora a data na sua postagem seja de 2 fev.
Bem, mas é o seguinte: gostei muito, mas muito mesmo!, do seu texto.
Considero um texto bastante amadurecido e de qualidade inquestionável.
Quem escreve coisas como "Era nome. Com toda a propriedade que um nome próprio tem.
Sentido independente.", "Queria ouvir o que estava por trás da pele de suas palavras." e "Me mostrava a mais tímida das mais doces putas do bordel.", puxa!, merece a minha inveja.
Obrigado por ter participado da 'brincadeira'.
Um beijo.
- Henrique Pimenta
Calro que aceito a brincadeira Li... Vai ser uma boa maneira de [re]ativar meu blog!
Escreverei uma crônica, embasada na frase: "Seu calcanhar roçando a superfície dura e fria da perna dele, retirada às pressas e jogada ali no chão, ao seu lado." Quando estiver pronto aviso ;)
Beijos...
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