sábado, 25 de fevereiro de 2012

cinzas

de minhas dores sempre sai poesia.
em letras minúsculas, sempre.
sai.

sai e fica grudada em meu pequeno acervo de dores maiores.
sai e arranca pedaço de mim pra expor lágrimas em formatos de alfabeto.

eu quase choro.
[eu escrevo]

lamento não ter nem mentiras a contar.
nada a expor se não carne viva.
quase crua.
quase seca.

sinto a vida correr em minhas veias mortas.

[do medo eu prefiro nem falar]


solidão deixou de ser adjetivo.
assumiu o posto de princípio.


acabou o carnaval.
posso chorar?


[pra ver se afogo esse museu de angústias?]





um pé de pê

eu preciso escrever


.


tenho dor nas costas a bunda ta quadrada os olhos doem o dedo estala estou com fome com sede e com saudade de você


.



essa fala não foi pra ninguém especialmente foi pra você


.



você eu antes vontades sorrisos cervejas a música o suspiro o cangote o carro e teu iPod




.




você eu preciso andar correr voar sair sorrir comprar


.


preciso esquecer o medo a dor a inveja a saudade a dor a morte você



.


preciso querer futuro




.



mas os olhos doem você passa o tempo pesa e preciso escrever