sexta-feira, 5 de março de 2010

cotidiano

Todo sábado, pela manhâ, penso em me matar.
Atirar o corpo ao sol e ver qual seria a gravidade.

((Explosão de estrelas? Virar estrelas?
Ver estrelas?))


Pela dúvida. Pra ver se sou capaz. Pra testar meu limite ínfimo de ser um alguém com medo. Alguém que não morre
de medo.

Um alguém que chora. Quero abraçar minha lágrima (e quando isso acontecer talvez não queira mais levá-la comigo).

Pro além. Ver como é do lado de lá, onde a angústia não passa, e não deixa passar.

Pela dúvida. Penso pra sentir que não existo.
Que não existe falta, só existem sonhos.
Penso para ver meu corpo cair e esfarelar no chão. E reverenciá-lo novamente como eu.
Penso na morte pra que seja um começo, um displicente enrijecer de músculos confirmando a gota que ainda há.
Princípio de fim, que todo começo é. Mas encontro com todo porvir.

Pela dúvida. Penso pra fingir que testo um limite que não existe. Pra forjar uma dúvida. Pela dúvida.

Penso na morte e continuo inerte, pensando se até ela se tornaria fugaz quando o não se realizasse.
Haveria ainda não?
E ser, haveria?


E há?

Um comentário:

Mahx. disse...

LINDO TEXTO LI, MUITO MUITO *-*